Diversidade nas Organizações
Entenda a importância de promover a diversidade na empresa e como liderar com foco em pessoas
Publicado em 02/04/2024 | Atualizado em 03/05/2024
Os rostos que compõem as organizações atuais são cada vez mais diversos, fruto de décadas - se não séculos - de luta e avanços sociais em prol dos direitos de mulheres, afrodescendentes, pessoas com deficiência, membros da comunidade LGBTQIAPN+, idosos e outros grupos. A diversidade organizacional hoje é uma realidade, e cada vez mais empresas buscam fugir da lógica tradicional de estruturas brancas, masculinizadas e heterossexualizadas.
A diversidade em uma organização significa a formação de grupos com componentes distintos e agregadores, e é um fator que pode impulsionar o sucesso da empresa. Ter uma equipe diversificada permite a consideração de diferentes realidades e pontos de vista. Por exemplo, ter uma pessoa com deficiência na equipe pode ampliar o entendimento organizacional acerca das exigências desse grupo, melhorando não apenas a acessibilidade interna, mas também a experiência de clientes com deficiência, através do desenvolvimento de iniciativas inclusivas.
A diversidade também é sinônimo de inovação e criatividade, introduzindo novas ideias e abordagens que podem resultar em soluções mais eficientes e um desempenho superior. Vale destacar que a diversidade transcende as diferenças visÃveis, englobando também a diversidade de competências, experiências de vida e backgrounds culturais dos colaboradores.
Portanto, torna-se essencial que as organizações adotem a diversidade e fomentem um clima inclusivo que celebre e valorize as diferenças individuais. Ao fazer isso, não só se constrói uma força de trabalho mais motivada, produtiva e inovadora, mas também se contribui para um ambiente de trabalho mais acolhedor e justo, beneficiando todos os participantes.
Tipos de diversidades e seus desafios
A diversidade é fundamental para o desenvolvimento social e empresarial. De modo geral, a diversidade reúne indivÃduos com caracterÃsticas variadas e qualidades distintas abrangendo pessoas diferentes em gênero, idade, religião, etnia, crenças, orientação sexual, classe social, necessidades especiais.
É na diversidade que os conhecimentos são expandidos para além dos horizontes comuns. Ela auxilia no acolhimento, com empatia, de pontos de vistas aos quais não se está tão acostumado.
Promover um ambiente que contribui para a diversidade ajuda a combater essas discriminações e preconceitos.
Diversidade no mercado de trabalho
O processo seletivo é a porta de entrada dos candidatos nas organizações. É um momento importante e determinante para promover a diversidade nas empresas.
Como ele é um processo de escolha em que se alinham os requisitos do cargo com o futuro colaborador, identificando o melhor perfil, é necessário atentar-se aos fatores de diversidade para não tornar o processo excludente para aqueles indivÃduos que já sofrem com a desigualdade.
É importante capacitar os recrutadores para terem esse olhar diferenciado, a fim de oportunizar a vaga de emprego para pessoas de gêneros, culturas e idades diferentes. Pode ser um verdadeiro desafio promover a diversidade, na prática, já que os processos seletivos, em sua maioria, buscam um perfil padrão.
Se o processo de seleção já é um desafio, a retenção do novo colaborador pode ser ainda mais desafiadora. Como garantir a estadia, motivação e satisfação de colaboradores tão diversos entre si? É necessário um olhar atento aos talentos pessoais dos colaboradores, cuidado com o reconhecimento, motivação e produtividade.
Nesses momentos, uma liderança atenta às necessidades de seus liderados, que foca na manutenção dos talentos, da produtividade e do respeito, poderá fazer uma enorme diferença.
De nada adianta a empresa dizer que acolhe a diversidade, fazer processo para selecionar talentos diversos, se a sua cultura organizacional e seu lÃder não estiverem preparados para acolher esse novo profissional na organização.
Nenhum indivÃduo permanece em um local onde não se sinta acolhido, validado e respeitado.
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) possui o objetivo de combater a discriminação nas organizações. Para ela, discriminação são formas de exclusão ou preferência baseada na cor, raça, sexo, religião, opinião polÃtica ou origem social, que tenham por resultado alterar ou diminuir as oportunidades em relação ao emprego e à profissão.
É preciso, antes, reconhecer que existe discriminação no mercado de trabalho para poder agir em prol da igualdade e do acesso às oportunidades.
Lideranças inclusivas nas organizações desempenham o papel de instrutores de colaboradores para que acolham uns aos outros e realizem ações em equipe para o benefÃcio de todos. Há muito o que se ganhar com uma equipe diversa.
Uma pessoa não pode ser considerada menos capaz em uma situação de trabalho devido ao seu gênero, cor, idade, entre outros fatores. Porque a competência não se resume apenas ao conhecimento e perfil, mas também à capacidade que o indivÃduo possui de aplicar seus conhecimentos e habilidades em uma condição particular.
No Brasil, cresce o número de empresas que buscam colocar em prática a gestão da diversidade. Essas empresas já descobriram que a diversidade é um fator de vantagem competitiva que ajuda a elevar o desempenho empresarial no mercado, beneficiado por uma visão abrangente.
Logo, a presença da diversidade nas organizações e o seu gerenciamento são fundamentais para a sobrevivência do negócio, considerando o acirramento da concorrência no mercado.
A diversidade no ambiente de trabalho enriquece o cenário corporativo ao incorporar valores enraizados na cultura das pessoas. Tais valores abrangem o respeito, as normas de etiqueta, os princÃpios familiares, a deferência à autoridade, e as nuances do comportamento humano, entre outros aspectos. Esta integração promove um ambiente mais inclusivo e ressonante com a pluralidade cultural de nossa sociedade.
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No entanto, sem uma gestão eficaz da diversidade por parte dos lÃderes, o resultado pode ser contraproducente, exacerbando conflitos, elevando a rotatividade de funcionários, o bullying e reduzindo o engajamento da equipe.
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Gerenciar a diversidade envolve valorizar as diferenças e transformá-las em uma vantagem competitiva. Isso é alcançado ao aproveitar essas variações para fomentar a geração de ideias criativas, uma caracterÃstica tÃpica de grupos diversificados.
Estilos de liderança
A dinâmica relação entre lÃderes e liderados corresponde a um estilo adotado pelo lÃder. Um colaborador não corresponde somente à s ordens do seu lÃder, mas também à percepção que ele tem do seu superior quanto aos valores pessoais, responsabilidade ética, entre outros. Por esse motivo, é necessário que o lÃder saiba que existem diferentes estilos de liderança a serem adotados em cada ocasião a fim de se obter o máximo desempenho de seus liderados.
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     ➺ Liderança autocrática
O lÃder do estilo autocrático é autoritário. Para tomar suas decisões, ele considera muito os seus próprios conhecimentos e ideias, dando pouca importância à s sugestões e conselhos de terceiros. Esse estilo de liderança é o que centraliza o poder. Ele é temido pela sua equipe e faz com que seus colaboradores o obedeçam sem questionar. Em geral, na ausência do lÃder, os subordinados nada produzem ou produzem muito pouco.
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   ➺ Liderança democrática
O lÃder do estilo democrático considera as ideias do grupo. Sua participação é mais como membro do grupo do que como uma figura central. Esse lÃder é o que estimula o debate com a participação de outros membros e estimula a divisão de tarefas entre a equipe. Assim, os colaboradores se autogerenciam. O lÃder democrático serve mais como um orientador no momento de seus liderados realizarem as tarefas.
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   ➺ Liderança liberal
O lÃder do estilo liberal dá total liberdade a sua equipe para tomada de decisões. Esse lÃder não participa ativamente e não é respeitado como lÃder. Esse estilo de liderança gera várias disfunções como longos debates entre as equipes, individualismo, baixa produtividade e pouca qualidade no serviço. Surgem muitos conflitos e a situação acaba por sair do controle.
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   ➺ Liderança situacional
O lÃder situacional adapta seu estilo de liderança conforme as circunstâncias, alternando entre ser autoritário e democrático conforme a necessidade. Esta abordagem, que integra diversos estilos de liderança, é orientada pela situação em questão, permitindo ao lÃder ajustar seu comportamento para alcançar os melhores resultados. A liderança situacional é reconhecida por sua eficácia em promover um alto desempenho da equipe e satisfação, graças à sua flexibilidade e capacidade de resposta à s variáveis do ambiente.
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Liderança para a diversidade
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Gerir a diversidade é um papel desempenhado majoritariamente pelas lideranças diretas e indiretas. Essas lideranças devem ser inclusivas, ou seja, saber como engajar e incluir sua equipe diversificada de colaboradores.
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Não podem faltar a um lÃder inclusivo as seguintes caracterÃsticas e competências:
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✅ Comunicação efetiva: saber filtrar as informações e repassá-las aos seus colaboradores, utilizando um canal adequado de transmissão;
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✅ Inteligência emocional: saber identificar e lidar com emoções e sentimentos - tanto os seus quanto os dos seus liderados;
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✅ Ética: saber agir com ética, considerando o bem comum;
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✅ Relacionamento interpessoal: saber estabelecer e incentivar relacionamentos saudáveis no ambiente organizacional;
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✅ Respeito: saber respeitar e incentivar o respeito à diversidade na empresa;
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✅ Paciência: saber ser paciente e compreender o tempo dos outros. Ter disposição para formar capital humano;
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✅ Humildade: saber ser humilde para não se engrandecer perante seus liderados.
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Esse combo de caracterÃsticas e competências é o básico para um lÃder saber liderar com foco em pessoas, sem desconsiderar as necessidades de sua empresa.
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Por fim, um bom lÃder é aquele que sabe influenciar positivamente seus liderados através de sua autoridade e não por força coercitiva.
Desafios de um lÃder para implantar a diversidade na organização
⮞ Preconceito na empresa
Preconceito e discriminação, conceitos profundamente enraizados na sociedade, manifestam-se nas organizações de maneiras sutis e muitas vezes quase inconscientes, através de falas, gestos e comportamentos. Diante disso, é essencial promover a conscientização por meio de educação, treinamentos e discussões sobre diversidade, visando desmontar velhos padrões prejudiciais, como piadas discriminatórias e comentários capacitistas, para criar um ambiente mais inclusivo.
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⮞ Cultura empresarial
A diversidade precisa estar alinhada à cultura da empresa. Não basta ter um pequeno grupo que apoia a diversidade e não comunicar o restante da empresa. Quando se fala em alinhar a diversidade à cultura organizacional, entende-se promover continuamente ações, estratégias, traçar objetivos, sustentar sÃmbolos e promover diálogos com os colaboradores que sustentem e afirmem a importância da diversidade.
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⮞ Assistência e apoio à diversidade
As empresas devem oferecer suporte e adaptações necessárias para atender à s diversas necessidades de seus colaboradores, incluindo o acolhimento adequado de pessoas com deficiência, garantindo acessibilidade à informação e a espaços fÃsicos. Além disso, deve-se promover a diversidade em posições de liderança, evitando a uniformidade e abrir oportunidades para que diferentes talentos possam emergir. Essas práticas contribuem para um ambiente de trabalho mais inclusivo, onde todos os colaboradores se sentem valorizados e motivados a contribuir plenamente.
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⮞ Comunicação interna e externa
A empresa precisa comunicar dentro e fora da organização seu posicionamento em apoio à diversidade. Não basta apoiar a diversidade apenas internamente com receio de perder clientes se souberem que a sua empresa apoia a causa LGBTQIAPN+, por exemplo.
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É preciso abandonar o retrocesso e firmar seu posicionamento de modo a contribuir para uma sociedade mais justa, com igualdade de oportunidades e respeito.
Grupos importantes para uma empresa diversa
â–— Mulheres
A mulher na sociedade é responsável por inúmeras tarefas. O último censo do IBGE retratou que, em 2019, mulheres da faixa etária entre 25 e 49 anos, que possuÃam filhos de até 3 anos, ocupavam 54,6% das vagas de emprego e isso é muito pouco.
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Entretanto, a questão parece ser mais histórica e estrutural, porque, apesar do senso apontar que as mulheres superaram os homens em escolaridade, eles ainda continuam ganhando mais que elas.
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â–— Idosos
A qualidade e a expectativa de vida da população aumentaram e, consequentemente, o número de idosos que chegam aos 60 anos esbanjando saúde e vitalidade também cresceu. Por motivos diversos, muitos desses idosos preferem continuar trabalhando, seja para manter-se ativo ou obter complementação de renda.
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Para aqueles que se aposentam e continuam na mesma empresa, não há grandes mudanças. Mas, para aqueles que desejam a reinserção no mercado de trabalho, a situação é mais delicada, pois o preconceito etário fica evidente. Isso porque a sociedade ainda vê a pessoa idosa como frágil e sem autonomia.
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▗ Pessoas com deficiência
O Brasil tem mais de 45 milhões de pessoas com deficiência e, desse total, apenas 1% está no mercado de trabalho, de acordo com dados do IBGE de 2019. É a lei de cotas criada em 1991 que garante a contratação de funcionários chamados PCDs, sigla para Pessoas com Deficiência.
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Apesar disso, ainda há muito o que crescer e desenvolver para a inclusão das pessoas com deficiência no mercado de trabalho e na sociedade. É preciso oferecer apoio, ferramentas e condições de acessibilidade para essas pessoas.
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â–— Negros
Mais de cem anos após o fim da escravidão, a lógica da exclusão dos negros ainda persiste na sociedade. A eles são, com frequência, destinadas posições subalternas e mal remuneradas, muitas vezes até destituÃda de proteção previdenciária e direitos trabalhistas.
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Segundo o DIEESE (Departamento Intersindical de EstatÃstica e Estudos Socioeconômicos) pelo Sistema PED (Pesquisa de Emprego e Desemprego), apesar de a maioria da população economicamente ativa em determinadas regiões do paÃs ser negra, é desproporcional o número de negros empregados, isso significa que o número de desempregados é sempre superior.
Ainda há muito para evoluir em se tratando da inserção de pessoas negras no mercado de trabalho.
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â–— LGBTQIAPN+
O público LGBTQIAPN+ sofre uma grande discriminação na sociedade. Entres os grupos de minoria, também são os que mais sofrem com a violência simplesmente por assumirem ser quem são. No mercado de trabalho, de acordo com uma pesquisa do Center for Talent Innovation, foi constatado que pelo menos 33% das empresas brasileiras não contratariam pessoas LGBTQIAPN+ para cargos de chefia.
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Muitas pessoas LGBTQIAPN+ preferem esconder de seus chefes e colegas de trabalho sua orientação sexual ou, ainda que suas lideranças saibam, muitas vezes lhes é pedido para seguir as normas sociais e não falar, se vestir ou gesticular de tal maneira que identifique sua orientação sexual.
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â–— Etnias diferentes
Historicamente, o Brasil é um paÃs que abriga diferentes etnias. Os indÃgenas, que já estavam aqui quando os europeus, portugueses e espanhóis chegaram, em seguida os africanos, italianos e alemães. Mais tarde, chegaram ao Brasil, ainda, diferentes grupos de imigrantes, como os japoneses e poloneses e a mais recente imigração de pessoas vindas do Haiti e da SÃria.
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O Brasil é um paÃs multicultural e multirracial, mas não é por isso que ele deixa de ser discriminatório com tais etnias.
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▗ Religiões diferentes
Devido à miscigenação brasileira, existe em nosso paÃs uma pluralidade religiosa. De acordo com o censo do IBGE de 2019, o Catolicismo lidera com o maior número de adeptos, com 50% do total da população. Em seguida, está a religião Evangélica, com 31% da população. Aqueles sem religião representam 10%; os EspÃritas são 3%; os adeptos da Umbanda, Candomblé ou outras religiões afro-brasileiras representam 2%; os ateus são 1%; os Judaicos 0,3%; e outras religiões representam 2% da população.
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É importante mencionar que o Brasil passou a ser entendido como estado laico apenas no ano de 1890, por meio do Decreto de Ruy Barbosa. Até então, o paÃs era considerado católico. A herança dessa época permanece e é perpetuada até hoje, de modo que os adeptos de outras religiões, principalmente as de matrizes afro-brasileiras, sofrem a discriminação.
O futuro da diversidade nas organizações
O futuro das organizações está intrinsecamente ligado à diversidade. Mais do que uma questão moral, a inclusão de diferentes perspectivas, origens e experiências é crucial para a inovação, competitividade e sustentabilidade das empresas no cenário globalizado.
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Superar desafios como vieses inconscientes e falta de representatividade exige ações concretas, como polÃticas de recrutamento inclusivas, programas de mentoria e uma cultura de respeito à s diferenças.
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A diversidade não apenas beneficia as empresas, mas contribui para a construção de uma sociedade mais justa e coesa. Cabe a todos nós indivÃduos, empresas e instituições, trabalhar em conjunto para construir um futuro onde a diversidade seja celebrada e seus benefÃcios sejam plenamente aproveitados.
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Pautas sociais e a diversidade
As organizações devem estar abertas à s pautas sociais e diversidade. Faz parte do papel social de uma organização que seus lÃderes incentivem a diversidade e o respeito aos grupos minoritários no mercado de trabalho.
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Com informação e disseminação de boas práticas, a empresa só tende a crescer. A inclusão dos grupos minoritários no ambiente de trabalho traz uma pluralidade de ideias e promove mais inovação na organização. O foco é ouvir vozes diferentes, conhecer novas histórias de vida e pessoas, despertando o potencial que há em cada uma delas, que está somente à espera de uma oportunidade.
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Além disso, a empresa ganha em reputação perante seus clientes e consumidores, que se atentam cada vez mais a essas questões. Depende de cada organização e de cada liderança contribuir para a construção de uma sociedade mais igualitária e justa.
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Em resumo, a diversidade é um fator essencial para o sucesso das organizações. Ela permite a consideração de diferentes pontos de vista, impulsiona a inovação e promove um ambiente inclusivo e acolhedor.
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Ao abraçar a diversidade, as organizações podem colher os frutos de uma equipe mais engajada, produtiva e inovadora, beneficiando a todos os envolvidos.
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