Como saber se o meu negócio está endividado?

Entenda como esta situação pode impactar sua empresa no universo do empreendedorismo.

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Publicado em 08/03/2022 | Atualizado em 16/06/2023

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Homem preocupado em frente ao computador.

Descobrir-se endividado traz inúmeras angústias. Para um empreendedor, essa se configura como uma situação ainda mais agravante. Um empreendimento está endividado quando ele faz uso de montante de terceiros, seja para quitar despesas fixas ou realizar investimentos para a expansão da empresa no mercado. Assim, se o empreendedor contrai uma dívida ele já pode ser considerado endividado – o que não significa necessariamente que o equilíbrio financeiro do seu estabelecimento esteja comprometido. 

Uma empresa pode endividar-se por inúmeras razões. Quando o endividamento acontece para pagar as despesas do negócio, significa que o resultado operacional das receitas X despesas se encontra negativo, e que é preciso agir para retomar o equilíbrio ou o superávit operacional. Quando contraída para cobrir um buraco orçamentário, a dívida tende a se tornar uma bola de neve, uma vez que a empresa, caso já possua dívidas de longo prazo, corre o risco de não conseguir também cobrir as despesas financeiras com o pagamento das parcelas.

Aqui vamos abordar questões relativas aos riscos e oportunidades oferecidos pela prática do endividamento no universo do empreendedorismo, entendendo quando ela é altamente prejudicial  ou não.

Você vai encontrar aqui
 

 

Como evitar o endividamento da minha empresa?

Quais os principais instrumentos de gestão para lidar endividamentos e solucioná-los?

Qual a diferença entre endividamento e inadimplência?

Uma empresa endividada está necessariamente com dificuldades financeiras? 

Endividamento bom e endividamento ruim

O que é índice de endividamento e como calculá-lo para o meu negócio? 

Quais os maiores erros recorrentes cometidos pelos donos de micro e pequenas empresas que levam-nas à inadimplência? 

Tome as decisões corretas diante do endividamento.

 

 

Como evitar o endividamento da minha empresa?

 

Antes mesmo da tomada de montante junto a terceiros, o empreendedor  deve considerar outras  possibilidades de aumento da receita como a venda de algum bem ou a associação a outra companhia como meio de alcançar uma estrutura mais forte. Algumas variantes também devem ser observadas antes da empresa tomar capital de terceiros:

• Retração nas vendas;

• Alto volume de estoque;

• Os clientes estão inadimplentes;

• As despesas estão elevadas;

• Grande volume de financiamentos.

Nas práticas da empresa, o endividamento pode ser evitado a partir de um acompanhamento eficaz das contas, de modo que todo pagamento posterior ou dívida contraída esteja previsto no orçamento. Essa projeção deve envolver metas definidas a serem conquistadas nos próximos dois, cinco ou dez anos. Assim, antes de contrair uma dívida o empreendedor terá conhecimento se ela efetivamente cabe ou não no planejamento da empresa. 

Esse acompanhamento vai auxiliar também na tomada de decisões da empresa. Afinal, manter o equilíbrio financeiro é também conter o impulso de comprar aquilo pelo que você não pode pagar. Por isso, é importante que até mesmo as despesas fixas do empreendimento sejam rotineiramente avaliadas, para que o funcionamento seja mantido apenas com os custos que são realmente necessários. 

Quais os principais instrumentos de gestão para lidar endividamentos e solucioná-los?
 

Seja para controlar ou conter custos, ou mesmo para definição de estratégias, os instrumentos de gestão asseguram a visibilidade do caminho a ser percorrido, desde que sejam bem analisados, construídos e acompanhados. Entre os principais instrumentos de gestão de uma empresa, temos:

Fluxo de Caixa 


Através do controle das receitas e despesas o empreendedor poderá avaliar as reais possibilidades de contrair uma dívida, analisando inclusive a sua capacidade financeira para honrá-la em futuro próximo. É por meio do fluxo de caixa que o empresário poderá manter atualizadas as informações sobre o capital de giro disponível no seu empreendimento;

Demonstrativo de Resultados

 
Ferramenta que permite identificar se a empresa é lucrativa. Através do Demonstrativo de Resultados é possível calcular índices que darão suporte às decisões estratégicas da empresa, como a  margem de contribuição, o ponto de equilíbrio e a lucratividade. É um instrumento que permite ao empresário avaliar as oportunidades de crescimento no mercado em consonância com os resultados que tenham sido alcançados - assim a tomada de decisão de contrair uma dívida para expansão será feito com base em possibilidades reais;

Preço de venda 


O conhecimento da estrutura de custos da empresa, bem como do preço de venda de seus produtos e serviços é fundamental para identificar onde é possível intensificar as vendas. Um bom planejamento de preços permite a empresa manejar o preço de produtos vendidos à preço de custo que possam alavancar a venda de outros produtos. 

Qual a diferença entre endividamento e inadimplência?
 

Quando você faz uma compra e combina que o pagamento só será realizado posteriormente, você está realizando um endividamento. Você pode ter deixado para pagar depois por não ter os recursos financeiros disponíveis no momento – o que configura um empréstimo para cobrir despesas -, ou fazer esta opção como forma de gerir melhor estes recursos, aumentando assim o capital de giro da empresa.

Quando essas dívidas contraídas para pagamentos posteriores se tornam tão altas, de modo que os recursos que você tem disponíveis não conseguem quitá-las, você entra para o grupo dos inadimplentes. Por exemplo, quando você decide comprar uma geladeira parcelada em 10 vezes você está endividado. Se na data do vencimento, você não tiver dinheiro e deixar de pagar a parcela estará inadimplente e isso pode ser o início de um ciclo de desequilíbrio financeiro.

Uma empresa endividada está necessariamente com dificuldades financeiras?
 

Não, uma empresa pode estar endividada porque decidiu que essa é uma estratégia para aumentar o seu capital de giro. Por exemplo, a empresa tem seu equilíbrio financeiro mantido e o gestor identifica uma oportunidade de crescimento do negócio, mas não há recursos disponíveis no momento. 

Para não perder a chance, ele resolve tomar um financiamento de terceiros e esse recurso é utilizado na compra de equipamentos que a curto prazo irão gerar mais lucros à empresa, garantindo inclusive o pagamento das dívidas adquiridas. Assim a empresa ampliou o seu capital de giro, realizou um investimento estratégico e expandiu a sua margem de lucros sem passar por dificuldades financeiras – mesmo que para isso tenha sido necessário adquirir uma dívida.

Endividamento bom e endividamento ruim
 

O endividamento pode ser considerado bom quando os recursos financeiros envolvidos são utilizados para investir no crescimento da empresa no mercado. Isso envolve uma ação planejada, em que as dívidas assumidas podem ser quitadas e a opção por não quitá-la está relacionada a movimentação deste dinheiro em outras áreas da empresa. Esta é uma prática financeira comum às empresas que não possuem recursos próprios para investimentos e para a antecipação de despesas necessárias, funciona como uma estratégia para aproveitar as oportunidades de expansão no mercado.

Por  exemplo, quando o empresário adquire um empréstimo para melhorar a estrutura do seu negócio com a compra de novos equipamentos, ele está agregando valor ao seu empreendimento  – essa ação é capaz de gerar um valor financeiro a curto, médio ou longo prazo que resultará em um patrimônio líquido maior, que pode inclusive quitar a dívida contraída.

Mulher preocupada olhando tela de computador

Há sempre o risco deste investimento se tornar também um endividamento ruim: a ação financeira, se não for devidamente planejada, pode vir a não agregar o valor desejado ao empreendimento e, ao não superar o montante das dívidas que foram contraídas, se tornar um prejuízo. 

Não honrar estas dívidas leva o empresário a uma condição de inadimplência. O mesmo acontece nos casos em que a prorrogação dos pagamentos financeiros é realizada para manter o funcionamento da empresa, atendendo as suas despesas fixas ou até mesmo o pagamento de outras dívidas. Para que isso não aconteça é fundamental que o empresário acompanhe a evolução do seu índice de endividamento, evitando assim que o não cumprimento delas comprometa a credibilidade da empresa.

O que é índice de endividamento e como calculá-lo para o meu negócio?
 

O índice de endividamento apresenta o quanto a empresa necessita do capital de terceiros para manter-se em funcionamento. Ao mesmo tempo é possível avaliar o quanto os recursos próprios lhe permitem manejar o pagamento de dívidas ao longo dos anos. O índice aponta se o capital obtido por meio de terceiros será destinado à realização de investimentos ou se irá atender o pagamento de despesas fixas do empreendimento. 

Ele envolve três indicadores:

Endividamento Geral (EG) 


O índice de Endividamento Geral é um valor obtido a partir da soma de todo capital de terceiros dividido pelo total de ativos que uma empresa possui. O índice percentual  é calculado multiplicando a resultante por 100.
 
Quanto menor for o EG, menor será o risco da empresa entrar na inadimplência. Uma empresa com alto EG costuma ter dificuldades de levantar novos investimentos junto às instituições financeiras, já que apresenta maior risco de desequilíbrio financeiro.

Composição do Endividamento (CE) 


O indicador de Composição de Endividamento (CE) mostra a situação da captação de recursos de terceiros dentro da empresa. Ele é calculado a através da divisão dos passivos de curto prazo pelo total de capital adquirido de terceiros. O índice percentual é obtido multiplicando este resultado por 100.
 
Assim,  quanto menor for o valor percentual do CE, mais tempo a empresa terá para honrar as suas dívidas, estando segura para enfrentar eventuais quedas nos lucros. A partir da análise do índice de composição do endividamento, o gestor é capaz de criar estratégias para manter o equilíbrio financeiro no curto ou longo prazo.

Índice de cobertura de juros 


O Índice de cobertura de juros mensura a capacidade da empresa de efetuar o pagamento dos juros contratuais de sua dívida, de modo que isso não comprometa a sua geração de caixa. Ele é calculado a partir da divisão do lucro operacional pela despesa anual da empresa com juros.
 
Uma empresa que dispõe de uma boa capacidade de cobertura de juros tem maior margem para fazer um uso estratégico do endividamento para atrair formas acessíveis de investimentos.

Quais os maiores erros recorrentes cometidos pelos donos de micro e pequenas empresas que levam-nas à inadimplência?
 

Quando as micro e pequenas empresas tomam recursos financeiros de terceiros para que possam cobrir despesas fixas, temos uma situação em que o endividamento pode levar à inadimplência. A incapacidade de honrar com as dívidas adquiridas pode inclusive levar à necessidade de contrair novas dívidas para que a empresa se mantenha funcionando. 

Existem erros comuns do empreendedor que podem levar às micro e pequenas empresas ao prejuízo, entre eles:

Falta de Planejamento 


Sem a previsão das receitas e despesas a curto, médio e longo prazo, a empresa fica suscetível às variações de mercado que hora envolvem redução nos lucros ou até mesmo aumento das taxas de juros.  Somente com um equilíbrio financeiro planejado a empresa tem flexibilidade para tomar decisões acertadas, adotando endividamentos seguros mesmo em momentos de crise.

Não observação das taxas 


Nem sempre a linha de crédito mais acessível é a melhor opção, já que em geral elas são também as mais caras, pois praticam as maiores taxas de juros do mercado.  O acordo feito em cima das taxas de juros é determinante de todo processo de negociação das dívidas, fator determinante das possibilidades do investimento se tornar rentável.

Falta de Vendas

 
A falta de vendas afeta diretamente o capital de giro da empresa, de modo que o prazo médio de recebimento se torna maior do que o prazo médio de pagamento, fazendo com que as dívidas já adquiridas gerem prejuízos. A falta de vendas se dá por diversos fatores relacionados ao mercado e ao planejamento da empresa.

Dependência do Capital de Terceiros 


Se a aquisição de dívidas se torna uma prática da empresa, a ponto de envolver as suas despesas fixas, isso gera um ciclo que inevitavelmente levará o empreendimento à inadimplência. A incapacidade de honrar as dívidas, associada à dependência de contrair novas para manter a empresa em funcionamento, deixa o empreendedor em desequilíbrio financeiro.

 Tome as decisões corretas diante do endividamento
  

Alguns parâmetros mínimos devem ser observados na tomada de investimentos junto a terceiros. Primeiramente, essas decisões devem ser tomadas considerando a realidade financeira da empresa, identificando seus custos fixos, receitas mensais e capital de giro disponível para investimento - um fluxo de caixa atualizado é indispensável. 

O endividamento é uma prática que pode ser benéfica para empresa quando feito sob medida, mas envolve sempre o risco de não conseguir honrar as dívidas e levar a empresa à condição de inadimplência.  Dessa maneira alguns fatores devem ser observados:

 Linhas de Crédito 


Conheça as condições disponíveis no mercado para que possa escolher a que melhor cabe ao seu empreendimento, podendo ser capital de giro, antecipação de recebíveis e investimentos em máquinas ou equipamentos. 

Prazos 


As dívidas de curto prazo deverão ser pagas com recursos já existentes ou que sejam gerados a curto prazo. Já as dívidas de longo prazo proporcionam à empresa um tempo maior para gerar os recursos para quitá-las e até mesmo para que sejam renegociadas.

Taxas 


A principal motivação para a utilização de investimento de terceiros é o desenvolvimento da empresa. A capacidade de realizá-lo está diretamente associada ao retorno financeiro que é obtido, uma definição influenciada pelas taxas de juros que são negociadas. Antes de contrair a dívida, você precisa analisar se as taxas de juros do investimento estão dentro das que são praticadas pelo mercado e verificar a capacidade que o seu empreendimento tem de honrá-las analisando o fluxo de caixa. Quanto mais altos forem os juros, maior será o custo de capital e mais difícil será para a empresa alcançar rentabilidade no investimento.