Como está a saúde financeira da sua empresa?
Conheça os principais indicadores e veja se sua empresa está sudável
Publicado em 14/03/2022 | Atualizado em 16/06/2023
Nenhum negócio obtém sucesso sem o criterioso acompanhamento de seus indicadores econômicos. Afinal, é premissa básica da boa administração entender não só sobre a aplicação dos recursos e investimentos como, também, sobre seu retorno para o quadro geral da empresa. Controle, nesse caso, é a palavra de ordem.
Quem não controla indicadores não vai conseguir ver os resultados.
A definição de indicadores financeiros, portanto, é crucial para que a empresa esteja motivada a buscar o crescimento constante, a partir de suas conquistas diárias, mensais ou anuais. A periodicidade de acompanhamento, inclusive, é definida pelos indicadores escolhidos e suas estratégias dentro do modelo de negócios.
Trata-se de um conjunto de métricas e mecanismos que visam coletar as informações financeiras da empresa para melhor auxiliar na tomada de decisões de comercialização de produtos e serviços, compra de insumos, investimentos e relacionamento com o cliente – para dizer o mínimo. Um bom conjunto de indicadores pode ser personalizado de forma que a empresa possa extrair, deles, qualquer informação que lhe for valorosa.
Portanto, a partir de agora, quando ouvir termos como “índice de liquidez”, “fluxo de caixa”, “margem de contribuição” e outros do vocabulário administrativo, lembre-se: tudo isso é indicador financeiro e vai servir como informativo para os próximos passos da sua empresa.
Saber analisá-los com frieza, concentração e seriedade é o que vai definir se o caminho a percorrer será bem-sucedido ou não.
Você vai encontrar aqui
Quais os principais indicadores financeiros?
Conheça as principais ferramentas para calcular e acompanhar os
indicadores financeiros
Grupos de indicadores financeiros
Como manter a sustentabilidade e sobrevivência da empresa em médio e longo prazo
Quais os principais indicadores financeiros?
Existem dezenas de indicadores financeiros passíveis de análise para micro e pequenas empresas. Os que citamos na introdução, como fluxo de caixa e liquidez, são alguns deles. Os principais, no entanto, vão além: eles mostram o desempenho financeiro de uma organização sob diferentes perspectivas, e não apenas a do montante financeiro que a empresa tem disponível em caixa no momento presente.
Dentre os principais indicadores financeiros, podemos citar:
Custos fixo
Indicador que apresenta as despesas recorrentes de uma empresa, como suas contas mensais, por exemplo. Salários, aluguéis, contas de luz, tudo o que é recorrente e permanece mais ou menos no mesmo patamar de gastos ao longo do tempo pode ser considerado um custo fixo.
Custos variáveis
Por outro lado, indicam gastos da empresa que não incorrem em vários meses. A compra de um novo equipamento, o pagamento de uma multa de trânsito ou o reembolso pelo frete de uma entrega esporádica são exemplos
de custos empresariais variáveis.
EBITDA
Margem que mostra os lucros antes de juros e do imposto de renda, indicando a geração operacional do caixa e mostrando se ela apresenta, em tempo real, lucro ou prejuízo.
Sua fórmula é:
E (Ebitda) = Lucro Operacional Líquido + Depreciação + Amortização.
Índice de Cobertura de Juros
Indicador que mostra se a empresa está apta para saldar dívidas, tomar crédito ou pedir linhas de empréstimo e/ou investimento sem fazer com que o pagamento dessa despesa onere ainda mais o seu caixa. O resultado desse indicador vai ao encontro da capacidade de pagamento empresarial.
Liquidez corrente
É o indicador que mostra quanto dinheiro a empresa tem para receber a curto prazo, podendo ter condições de contar com esse valor para a cobertura de despesas atuais, se isso se fizer necessário. Para calcular a liquidez, a fórmula é: LC (liquidez corrente) = Ativo circulante / Passivo circulante
Margem Bruta
Que é o quanto uma empresa ganha ao vender seus produtos ou serviços, extraindo da conta os custos de aquisição para essa transação comercial.
Sua fórmula é:
MB (margem bruta) = (Receita – Deduções – Custos Diretos Variáveis) x 100
Margem de Contribuição
É o indicador que representa a porcentagem de um produto ou serviço em relação à sua contribuição para a cobertura dos custos fixos da empresa. Ou seja: quanto, de uma unidade, vai diretamente para o pagamento de despesas empresariais, não sendo considerado em margens de lucro. Seu cálculo só será preciso se a empresa tiver uma boa organização de custos fixos e variáveis, gastos, despesas e investimentos.
Sua fórmula é:
MC (margem de contribuição) = Preço de venda – (Custo variável + Despesa variável)
Margem Líquida
Mostra o lucro líquido de cada unidade (de produto ou serviço) vendido pela empresa. Quanto maior for essa margem, maior será a sobra no recebimento – e, consequentemente, maior o lucro.
Sua fórmula mais comum é:
ML (margem líquida) = (Lucro/Líquido/Vendas) x 100
Ponto de equilíbrio
Indicador que mostra que a empresa conseguiu pagar todos os investimentos e que, daqui pra frente, pode recolher seus lucros, através de uma quantidade mínima de receitas que cobre custos e despesas. Por exemplo: se, durante um mês, a empresa gasta 600 reais em insumos para produzir seus itens, ao cobrir esses 600 reais de gastos, com as vendas, chegou ao ponto de equilíbrio. A partir daí, toda receita pode ser compensada como lucro.
Sua fórmula é:
PE (ponto de equilíbrio) = Despesas fixas / Margem de contribuição
Liquidez corrente
Indicador que mostra quanto dinheiro a empresa tem para receber a curto prazo, podendo ter condições de contar com esse valor para a cobertura de despesas atuais, se isso se fizer necessário. Para calcular a liquidez, a fórmula é:
LC (liquidez corrente) = Ativo circulante / Passivo circulante
ROI
Também conhecido como ROIC, do inglês return on invested capital, é o indicador que mostra quanto um determinado investimento feito pela empresa deu retorno. Quando um empreendedor faz, por exemplo, uma publicidade em redes sociais para saldar seu estoque, ele precisa saber se a propaganda lhe rendeu frutos ou não. Quantos clientes, afinal, vieram dela? Valeu a pena fazer esse esforço? O ROI é quem vai dizer. Para calculá-lo, leve em consideração seu NOPAT, que é o resultado líquido menos os dividendos, e o valor contábil dos capitais investidos.
A fórmula é:
ROI = NOPAT / Valor contábil do capital investido)
Conheça as principais ferramentas para calcular e acompanhar os indicadores financeiros
A tecnologia ajuda muitos empreendedores a acompanhar seus indicadores, principalmente aqueles que não têm condições de ter uma grande equipe administrativa cuidando dos negócios. Mas, antes de falar disso, vamos conversar sobre o básico para calcular e acompanhar resultados: um plano de negócios e uma calculadora.
O plano de negócios é a primeira ferramenta do empreendedor para acompanhar seus indicadores, pois é lá que vão estar descritas as principais metas da empresa. É preciso estar sempre de olho no que foi projetado para saber se os objetivos estão sendo cumpridos – e não há melhor maneira de fazer isso do que documentar os passos iniciais. O plano de negócios, então, pode gerar uma série de relatórios que irão contemplar o acompanhamento dos indicadores escolhidos.
A partir daí, basta usar as fórmulas de cada indicador para calcular seus resultados, gerando novos objetivos e metas ou mantendo os atuais. Quando bem analisados, os indicadores podem mostrar, também, que alguns itens não são muito realistas para a rotina da empresa. Sempre que estiver nesse impasse, lembre-se: seus indicadores podem mudar a qualquer momento.
Ter indicadores que façam sentido é sempre muito mais eficaz do que estabelecer vários que não vão te ajudar a controlar gastos e investimentos da empresa, por mais que outros negócios os utilizem.
Com isso em mente é hora de criar uma estratégia de análise e utilização de cada indicador – e, aí sim, recorrer a ferramentas de ajuda, como planilhas de Excel e softwares de gestão que possibilitem um estudo factível de cada área da empresa. Para que sejam efetivos, não se esqueça de estabelecer um período e/ou uma periodicidade de análises. Afinal, não adianta nada criar indicadores, arcar com suas implementações, contar com boas ferramentas de análise e esquecer de estudar, profundamente, cada um dos dados que vão aparecer através dessa estrutura. Se não há cuidado do empreendedor ao acentuar a atenção nas informações obtidas, elas não irão indicar nada.
FIQUE ATENTO!
Algumas siglas do mundo da tecnologia podem te ajudar a acompanhar seus indicadores, como CRM (Customer Relationship Management) e ERP (Enterprise Resourcing Planning). As startups de tecnologia estão cada vez mais comprometidas em facilitar a vida de micro e pequenos empreendedores através de soluções baratas que compilem dados e façam a diferença na gestão. Fique de olho nas novidades delas. Quem sabe uma startup não pode ser seu próximo fornecedor?
Grupos de indicadores financeiros
Todos os indicadores que listamos até aqui podem ser extremamente válidos para uma empresa ou, pelo contrário, não acusar nenhuma informação que agregue valor à sua gestão. Tudo vai depender, primeiro, de que tipo de resultados o empreendedor quer analisar.
Para facilitar, administradores costumam dividir os indicadores financeiros em grupos, versando sobre as principais necessidades de análise de uma micro e pequena empresa. São elas: a análise de lucratividade, a rentabilidade, a atividade, a estrutura de capital e a liquidez. Outros grupos podem ser feitos de acordo com os critérios de cada empreendimento, mas há um consenso entre especialistas de que estes cinco grupos são os principais.
Para analisar a lucratividade, por exemplo, os indicadores financeiros precisam estar relacionados à receita líquida, ou seja, a capacidade de gerar lucro em vendas. Seus principais dados vem da margem bruta e do EBITDA.
Já a rentabilidade será analisada à luz das receitas geradas nas vendas e dos ativos investidos pela empresa. Para isso, consulte dados da margem operacional e, também, do EBITDA. O cruzamento de alguns indicadores é imprescindível para a conclusão final.
A liquidez, como falamos ali em cima, mostra a capacidade de pagamento atual e futura da empresa, mostrando sua possibilidade de tomar crédito ou fazer novos investimentos dentro de sua própria estrutura. Seus indicadores podem, também, auxiliar nas tomadas de decisão sobre injeção de recursos externos e a possibilidade de assumir compromissos financeiros no médio e longo prazo.
Meça a liquidez a partir de seus indicadores de liquidez corrente, como ativos circulantes, passivos circulantes e contas a pagar e a receber.
O grupo de indicadores que mostram a estrutura de capital se relaciona muito com o da liquidez, principalmente porque a estrutura mostra a capacidade de pagamento de uma empresa. Se você estiver precisando pegar empréstimos ou fazer qualquer financiamento a juros, de cunho empresarial, precisa identificar as possibilidades dessa decisão dentro de seus indicadores de estrutura de capital.
Para chegar a conclusões realistas dentro dessa seara, analise seus indicadores de endividamento total e os índices de cobertura de juros.
Por fim, o último grande grupo de indicadores que temos é o de atividade, que é o que mostra quanto tempo a empresa leva em transformar seus produtos e serviços em caixa.
Por exemplo: se você abriu uma nova fábrica de cervejas, cuja produção demora de quinze dias a um mês, já sabe que esse produto só será comercializado depois do período de fabricação. A menos, claro, que estejamos falando de entrega por encomendas. Aí, o caixa pode ser feito com a bebida ainda no barril.
Mas, se sua empresa é de serviços, e o pagamento só sai depois que o serviço é entregue – como uma obra de construção, vamos supor –, é preciso utilizar os indicadores de atividade para entender, inclusive, sua liquidez. Se a obra demora oito meses para ficar pronta, e não há como receber durante esse tempo, sua liquidez anual tende a ser muito baixa.
Para a atividade, fique sempre de olho nos indicadores de caixa: fluxo de caixa e giro de caixa são os principais deles.
Esses exemplos são ilustrativos, mas toda empresa, em qualquer ramo, tem seu indicador de atividade definido pela natureza do negócio. Portanto, não deixe de acompanhar o seu para conseguir dar à empresa expectativa de vida mais saudável e longeva.
Como manter a sustentabilidade e sobrevivência da empresa em médio e longo prazo
Indicadores, como os que citamos nesse artigo, são imprescindíveis para promover uma análise geral dos quadros da empresa e concluir se o caixa é saudável, se há boas perspectivas de futuro e se é hora, ou não, de apostar em atividades de crescimento. Contudo, não é só o resultado indicado pelos dados colhidos que vai manter uma empresa de pé: no médio e longo prazo, o compromisso do empreendedor com os detalhes de seu negócio vai fazer toda a diferença.
Fazer com que a empresa sobreviva tem, por exemplo, muito a ver com a equipe escolhida para trabalhar nela. Quanto mais qualificadas forem as pessoas contratadas, mais chance o empreendimento tem de manter-se de pé. Ao lado do empreendedor, a transparência nos processos, sejam eles administrativos, contábeis ou técnicos, é crucial para manter a confiança de colaboradores e clientes nos propósitos que regem a empresa.
Outras dicas para sustentar empresas no médio e longo prazo são:
Manter controle de toda a documentação contábil, incluindo o que é pago a fornecedores e governo;
Revisar constantemente a infraestrutura do negócio, apostando em novas possibilidades de crescimento ou investindo em etapas do processo que podem ser melhoradas;
Investir nessas etapas sem restrições, principalmente se elas tiverem a ver, diretamente, com a qualidade – e a capacidade de venda – do produto ou serviço final; por exemplo: um maquinário que vai ajudar a empresa a produzir mais em um tempo menor, mantendo a qualidade;
Buscar boas parcerias, tanto da parte dos fornecedores quanto da parte de empresas que podem ajudar seus produtos e serviços a ter maior visibilidade;
Caprichar no layout do ambiente físico da empresa, quando houver. Colaboradores e clientes gostam de frequentar lugares que sejam acolhedores e estejam bem cuidados. Leve isso em consideração para escolher o local onde vai colocar sua empresa para funcionar;
Gerenciar cada pequeno gasto como se ele fosse muito grande e importante. Você já deve ter ouvido falar que ninguém tropeça na montanha: o que faz alguém cair é a pedrinha. Cada gasto, por mínimo que seja, pode ser uma pedrinha que te faz escorregar. Por isso, não importa quais indicadores sejam utilizados para medir os resultados da empresa, não se esqueça do mais básico: o de gastos invisíveis, ou seja, aqueles gastos que a gente nem se dá conta de que está fazendo, como o café, o lanche e o Uber para a reunião, entre outros;
Assinar contrato apenas com fornecedores que podem, realmente, lhe prover o melhor serviço. Pesquise por todos e avalie se eles são confiáveis, entregam no prazo e estão dispostos a negociar preços;
Treinar as lideranças para que elas possam ser o seu braço direito na condução da empresa, fazendo com que os colaboradores estejam sempre motivados a dar o seu melhor. Se você não tiver funcionários, ainda, pode se treinar nesse quesito;
Se tiver equipes, não as deixe de fora de nenhuma decisão importante. Colaboradores envolvidos em todas as etapas de um processo podem ser ativos inexoráveis em gestão de crises, inclusive as financeiras;
Não perder as contas de vista. É impossível gerenciar uma empresa achando que não haverão impostos ou contas a pagar. Esteja sempre atento aos prazos de vencimento e evite pagar juros em parcelas, principalmente as de empréstimos e financiamentos, que podem inflar seus gastos invisíveis.